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Aprenda um pouquinho sobre as religiões do Brasil

Aprenda um pouquinho sobre as religiões do Brasil

Em meu último post, falei um pouco sobre a História do Brasil, vocês se lembram?

Hoje vou falar sobre as religiões do Brasil. Esse tema sempre me interessa, por isso me dispus a escrever este artigo para o blog do Vila Brasil. Nos textos que escrevi até hoje, procurei ser mais impessoal. No entanto, acredito que agora é necessário fazer uma introdução em primeira pessoa, em que assumo a responsabilidade de expor minha opinião. Esse assunto costuma emocionar as pessoas e muitas vezes inflamá-las. Portanto, uma preparação para o que vem adiante é importante. Lembro que em 800 palavras é impossível detalhar muitas questões. A intenção é fazer um breve panorama das religiões do Brasil para o público estrangeiro, mas deixando claro que reconheço a inexistência de posicionamentos neutros.

Quando eu era criança, era comum se ouvir que o Brasil era uma nação católica. E isso eu podia comprovar pelas orações antes de iniciar as aulas, mesmo estudando em escola pública e nunca tendo sido católico. No entanto, as coisas começaram a mudar nas últimas décadas, tanto com o aumento da religião evangélica, quanto de outras formas de religiosidade e pensamento. A partir disso, foram surgindo novas formas de discurso.

Os católicos, por serem maioria, podiam usufruir de uma posição mais presente e naturalizada até o fim do século 20. Por exemplo, artistas populares como Roberto Carlos cantavam músicas religiosas na televisão. Essa realidade permitiu que muitas pessoas se declarassem católicas não-praticantes. Ou seja, não vão à igreja, não participam ativamente dos rituais, mas por terem sido tradicionalmente criadas nesta doutrina, ainda se dizem católicas.

AS religiões do Brasil
Fonte da imagem

De uns tempos para cá, com o grande aumento de evangélicos, eles também passaram a ser mais visíveis, não estando mais apenas nos programas e canais de televisão específicos, mas também com presença na grande mídia, ao lado de padres cantores e artistas seculares, tendo também direito a voz. Aos poucos o estereótipo de homens usando roupas sociais e mulheres de cabelo comprido e saia foi dando lugar a uma imagem mais diversificada. A palavra “crente”, muitas vezes usada de forma pejorativa, deu a vez para o termo “evangélico”.

Os espíritas, apesar do pequeno número de 2% da população, possuem uma grande visibilidade e respeito na sociedade e costumam ser lembrados e citados quando as pessoas enumeram diferentes religiões. Esta é uma questão interessante, pois o espiritismo, apesar de criado na França, encontrou no Brasil o lugar ideal para se desenvolver. Diferentemente das religiões afro-brasileiras, os ataques discriminatórios e as tentativas de silenciamento não são tão frequentes contra eles. Talvez devido à presença de adeptos com melhor poder aquisitivo e social. A Rede Globo, maior canal de televisão brasileiro, frequentemente se auto declara espírita, até mesmo produzindo novelas voltadas para esse tema específico.

Nas religiões afro-brasileiras podemos encontrar principalmente candomblecistas e umbandistas dentre outras vertentes. São religiões animistas, na qual adoram-se os orixás, que são entidades ligadas à natureza, e assim como no panteão dos deuses gregos, as entidades possuem características muito humanas. Essas religiões são sem dúvida as que sofrem mais ataques no Brasil, de forma que com certa frequência os adeptos se deparam com atos de violência, como insultos na rua e destruição de seus templos. Intimamente ligado ao racismo, existe um discurso de demonização de suas práticas.

Frequentemente se diz que o Brasil é um país sincrético em que as religiões convivem em harmonia. Em certo sentido, isso é certo, mas é preciso também fazer ressalvas. É comum que pessoas se sintam confortáveis em ter mais de uma religião ou um misto de crenças. Muitos católicos não se veem constrangidos em se vestir de branco e pular sete ondas no réveillon. Espíritas, devido ao fato de serem também cristãos, não têm problema em frequentar missas católicas. Apesar de que, é preciso notar, alguns espíritas têm medo da discriminação e aproveitam o sincretismo para passarem mais despercebidos. Os evangélicos neopentecostais, apesar de alguns deles terem um discurso massivo e serem abertamente contra as religiões afro-brasileiras, não percebem que usam frequentemente o nome das entidades do candomblé em seus cultos, mesmo que seja para exorcizá-las. (No fim, são mais irmãos do que imaginam).

Há outras religiões do Brasil que, devido ao número relativamente menor de adeptos, acabam entrando no rótulo de “outras religiosidades”. Dentre elas estão o budismo, o islamismo e o judaísmo. Resta ainda 8% da população que não declara religião como os agnósticos, os ateus e os deístas.

Como todo fato ligado à convivência social e encontros multiculturais, as religiões devem ser tratadas com atenção e cuidado. Não basta termos um discurso superficial de que o Brasil é um país de pessoas cordiais que convivem em harmonia. Não existe mais espaço para isso. Existem, sim, o conflito, a indisposição à convivência, os preconceitos. No entanto, também há pessoas abertas ao diálogo e à compreensão. Independentemente das perdas ou ganhos de fieis por meio do fluxo entre as fés, todos nós temos a dádiva de sermos obrigados a estar entre pessoas que pensam diferente. Graças a Deus, aos deuses ou ao acaso.

as religiões do Brasil

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Professor Marcos Mendonça

Referências

censo2010.ibge.gov.br
pt.wikipedia.org/wiki/Religiões_no_Brasil

2 Comments

  • Cristina Mikami
    Posted 13/09/2018 9:25 pm 0Likes

    Acredito que a religião Espirita codificada por Allan Kardec não sofra tantos preconceitos por ser uma religão cristã assim como a catolica e as igrejas evangelicas. Quanto ao poder aquisitivo dos seguidores, pode ter ligação não com a riqueza material mas sim com o nivel de educação que estas pessoas receberam, pois o espiritismo é fé raciocinada e tem todo um suporte cientifico e intelectual por tras que muitas pessoas não conseguem acompanhar.

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